Clique na foto para ampliá-la
Quando divulgamos e comemoramos o resultado da vitória da chapa 3 na Cassi, chamamos os colegas para, juntos, varrermos o governismo de nossas entidades. Alguns colegas nos questionaram sobre a utilização da expressão “varrer o governismo”. Dirigentes da Contraf/CUT responderam furiosos, acusando-nos que estaríamos estimulando a histeria da direita.
Não recuamos nenhum milímetro do que dissemos. E o que dissemos não tem nada a ver com as disputas que se dão hoje, entre PT e a direita tradicional, para ver quem continua administrando o país. A polarização que se dá hoje, entre Dilma e Temer, é a disputa entre dois setores que, com pequenas diferenças, defendem o mesmo projeto: continuar implementando o ajuste fiscal, jogando sobre as costas dos trabalhadores o custo da crise que eles mesmos criaram.
Com Dilma ou com Temer, consideramos, sim, ser necessário “varrer” práticas que buscam prioritariamente defender o governo em detrimento das necessidades do conjunto dos trabalhadores bancários. Com Dilma ou com Temer, teremos que enfrentar a ameaça de uma reforma da Previdência e uma Reforma Trabalhista.
Os governistas romperam com o princípio básico de condução de nossas entidades: a independência dos patrões e dos governos. Esta “domesticação” de alguns foi responsável por desgastar o conjunto do movimento sindical. Muitos colegas bancários passaram a questionar o papel dos Sindicatos a partir da quebra de confiança com os dirigentes da CUT que estão a frente da maioria de nossas entidades.
Por isso, reafirmamos e abaixo explicamos porque varrer o governismo de nossas entidades:
a) Desde que o Lula foi eleito presidente em 2002, pontos fundamentais de nossas reivindicações (reposição de perdas, luta pelo antigo PCS etc.) sumiram da pauta bancária. Nossas negociações nas campanhas salariais passaram a ser feitas através de uma mesa única da FENABAN, garantindo ao governo que se escondesse atrás dos banqueiros. Nenhum dos direitos que nos foram retirados durante os “anos malditos do governo FHC” foram repostos. Perdemos mais direitos, como a lateralidade e a redução de salário com a jornada de 6 horas.
b) Desde 2005, nossas greves têm repetido um mesmo roteiro, para não afetar os interesses do governos. Em anos eleitorais, como em 2014, aprovaram apoio à candidata Dilma e a greve (que tinha força para fazer avançar as pautas específicas) foi encerrada às pressas para não ameaçar a sua reeleição.
c) Este tipo de sindicalismo atacou a democracia de nossos fóruns. As assembleias, espaços importantes de discussão e tomada de decisões, quase não existem. As organizações de base são relegadas sem qualquer prioridade. Os dirigentes sindicais passaram a estar cada vez mais afastados dos locais de trabalho. Na última campanha salarial, em 2015, a diretoria do Sindicato Bancários de São Paulo chegou ao ponto de, na assembleia que discutia a aceitação ou não do acordo, impor arbitrariamente o fim do movimento, sem contar os votos dos colegas presentes nas assembleias do BB e da CEF.
d) A subordinação aos interesses ao governo fez com que estes sindicalistas defendessem várias reformas estatutárias nas Caixas de Assistência e fundos de pensão. O resultado é uma desresponsabilização gradativa dos Bancos no custeio das nossas Caixas.
Precisamos resgatar um sindicalismo de luta e democrático, resgatar o espaço das assembleias como fóruns privilegiados de decisão. O mais importante: resgatar a confiança e a participação da categoria.
A eleição da Juliana Donato para o CAREF e vitória da Chapa 3 da CASSI demonstram que esse processo se iniciou. Mas precisamos avançar! Cada vez mais o conjunto da categoria precisa assumir esta tarefa com suas próprias mãos: varrer governismo e construir uma nova direção.
Juliana Donato Representante dos Funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil
© SEEB-MA. Sindicato dos Bancários do Maranhão. Gestão Trabalho, Resistência e Luta: por nenhum direito a menos!