Siga-nos no Threads Siga-nos no TikTok Fale conosco pelo WhatsApp Siga-nos no Facebook Siga-nos no Instagram Siga-nos no X Siga-nos no Youtube

EM FOCO / ENCONTRO ESTADUAL

Imprimir Notícia

Entrevista sobre reestruturação dos bancos com Gustavo Cavarzan, do Dieese

31/01/2017 às 12:43
Ascom/SEEB-MA
A+
A-

Clique na foto para ampliá-la

Em entrevista concedida ao SEEB-MA no sábado (28/01), durante o I Encontro Estadual dos Bancários 2017, o palestrante e técnico do Dieese, Gustavo Cavarzan, explicou o que significa o processo de reestruturação em curso nos bancos públicos e privados; listou os prejuízos que essa medida causará à categoria bancária, à organização sindical e à população; e sugeriu algumas estratégias de enfrentamento para barrar os impactos maléficos desse ataque do Governo Temer, que coloca em risco o emprego bancário e precariza, ainda mais, o atendimento às pessoas de baixa renda, em especial, no Maranhão. Confira, abaixo, a íntegra da entrevista.

Sindicato: o que é a reestruturação?

Cavarzan: desde 2012, os bancos têm registrado saldo negativo de empregos mês a mês. De lá para cá, já são mais de 30 mil postos de trabalho perdidos nos bancos, embora tenha sido um período que os bancos obtiveram lucro. Então, o que justifica essa queda de empregos? Um das hipóteses é a reestruturação, ou seja, bancos arrumando novas formas de fazer o trabalho que eles já faziam através de novas tecnologias, automação, digitalização de serviços.

Sindicato: esse processo já pode ser notado nas agências em quais aspectos?

Cavarzan: sim. Toda a parte transacional do banco, ou seja, aquela que era feita na agência pelo caixa ou pelo escriturário, está sendo ou terceirizada para os correspondentes bancários ou para os aplicativos de celular. Esse é um aspecto da reestruturação. Outro aspecto diz respeito a uma série de atividades de apoio interno do banco, que, também, estão sendo automatizadas.

Sindicato: qual o objetivo dos bancos ao adotarem essa medida?

Cavarzan: sem dúvida, uma redução enorme do número de bancários e o fechamento de agências físicas, cujo objetivo final é a redução de custos para os bancos, o que eles costumam chamar de aumento de eficiência. Trata-se de um processo que atinge os trabalhadores em relação ao número de empregos, na composição da categoria [que passará a ser, cada vez mais, uma categoria de gerentes]. O caixa, que hoje é a principal ocupação nos bancos, vai deixar de ser em breve. A reestruturação também atinge os sindicatos, pois a organização da categoria tem que se repensar também a partir desse cenário.

Sindicato: de que forma a reestruturação prejudicará os bancários?

Cavarzan: os principais prejuízos que a reestruturação causa é o desemprego tecnológico [a categoria será muito reduzida], a maior intensidade do trabalho [menos pessoas nas agências terão que dar conta de um trabalho cada vez maior] e o consequente adoecimento da categoria. Então, muda o conteúdo do trabalho do bancário, muda o número de trabalhadores na categoria, muda a forma de organização e muda para pior.

Sindicato: e a população também será prejudicada pela reestruturação?

Cavarzan: com certeza. Ainda mais num país como o Brasil, que possui uma parcela enorme da população sem acesso à internet de qualidade, a smartphone. No Maranhão, por exemplo, somente 10% das pessoas têm acesso à rede mundial de computadores. Então, essas pessoas serão obrigadas a recorrer, somente, aos correspondentes bancários. Os bancos, por sua vez, se focarão exclusivamente em clientes de alta renda, que tem condição de utilizar esse serviço digital. O restante que, não visão dos banqueiros, não traz rentabilidade, vai ser empurrado, para as lotéricas, bancos postais e lojas que prestam serviço bancários.

Sindicato: e esse processo é uma realidade, também, nos bancos públicos?

Cavarzan: sim. E isso é muito preocupante, porque além dos serviços bancários, os bancos públicos prestam serviços para o Governo, como a distribuição de benefícios sociais. Para isso, eles precisam ter uma rede de agências e de pessoal, que dê conta desse serviço. Então, essa situação que já ocorreu no Banco do Brasil e que deve ocorrer na Caixa ainda este ano, realmente, vai prejudicar muito os bancários e a população que depende desses bancos.

Sindicato: qual alternativa você aponta para evitar a redução do número de bancários?

Cavarzan: bem, nos últimos anos, os bancários têm tentado inserir esse tema na pauta de reivindicações e na mesa de negociação. Ainda não houve um avanço significativo com relação a isso, mas é fundamental que esse tema seja cada vez mais pautado em mesa de negociação para que possam ser criados sistemas de realocação desses bancários, de requalificação, porque você não pode ter uma categoria que, daqui a 10 anos, vai ter seu tamanho reduzido em 10 ou 20%, sem que a sua organização esteja participando deste processo.

Sindicato: por fim, como combater esse processo de reestruturação nos próximos anos?

Cavarzan: primeiramente, o bancário deve se apropriar do tema. Encontro como esse são fundamentais para que as pessoas entendam que a reestruturação é o principal assunto para a categoria debater nos próximos anos. E, a partir daí, o trabalhador deve se mobilizar junto ao seu Sindicato para que esse processo se dê da forma mais democrática possível, a fim de que os bancários tenham participação, pois eles são os maiores atingidos por esse processo.

CAMPANHA SALARIAL
ELEIÇÕES
SAÚDE - CAT
ÁREA DO CLIENTE
SOBRE

Sindicato dos Bancários do Maranhão - SEEB/MA
Rua do Sol, 413/417, Centro – São Luís (MA)
Secretaria: (98) 98477-8001 / 3311-3513
Jurídico: (98) 98477-5789 / 3311-3516
CNPJ: 06.299.549/0001-05
CEP: 65020-590

MENU RÁPIDO

© SEEB-MA. Sindicato dos Bancários do Maranhão. Gestão Trabalho, Resistência e Luta: por nenhum direito a menos!