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De 21 a 25 de novembro ocorreu o 24° Encontro Nacional do NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação), no Rio de Janeiro. O evento teve a finalidade de traçar as coordenadas da conjuntura atual, decifrar os impactos na atividade sindical das recentes investidas da nova legislação trabalhista, bem como apontar alternativas para a resistência organizada dos trabalhadores.
Primeiramente, os participantes ponderaram sobre a atualidade do pensamento de Karl Marx, que em 2018 completaria 200 anos. Esse pensador veio determinar de forma decisiva a organização dos trabalhadores, sua percepção e entendimento do modo de produção da vida no capitalismo, denunciando seus mecanismos de exploração e de sujeição da classe que produz e a classe que se apropria dessa produção.
Além disso, Marx esboçou caminhos possíveis para a superação desse modo de produção, concedendo aos trabalhadores uma das obras mais completas para analisar a economia e a situação dos trabalhadores nas dinâmicas do século XIX, mas que pela profundidade de sua análise, permanece bastante atual, uma vez que o capitalismo ainda é o nosso sistema de produção.
A atualidade de seu pensamento, segunda Virgínia Fontes, professora da UFF (Universidade Federal Fluminense), que teve a responsabilidade de protagonizar o debate, está evidente no contexto brasileiro com as investidas recentes do Governo Federal, aliado ao empresariado nacional, que responderiam a interesses divergentes da classe dos trabalhadores.
A famosa luta de classe está mais viva que nunca, e seria o palco sobre o qual qualquer análise de nossa realidade deve ser analisada, sob pena de análises vazias e cálculos inverossímeis da conjuntura. Houve, no Encontro, um intenso debate sobre as perspectivas dos sindicatos frente aos desafi os de nosso momento histórico. Alguns ataques foram pontuados como principais alvos de nossa resistência organizada.
A reforma trabalhista, por exemplo, com seus ataques ao custeio dos sindicatos (o modelo varguista acostumou alguns sindicatos ao repasse involuntário do Imposto Sindical, o que não é o caso do SEEB-MA, que inclusive devolveu a reinvenção daquele, chamada de “contribuição negocial” no nosso último acordo coletivo), tirando várias garantias dos trabalhadores, inclusive submetendo mulheres grávidas a ambientes insalubres.
Em termos concretos, apenas precarizou as relações de trabalho e os ganhos dos trabalhadores, sem entregar os empregos prometidos. Para os trabalhadores, efetivarem uma resistência qualifi cada aos nossos desafi os, o campo da comunicação seria de suma importância para conseguirmos chegar aos trabalhadores com uma comunicação contra- -hegemônica que entregue a visão dos trabalhadores para os trabalhadores, que são submetidos diuturnamente à visão de seus patrões e dos governos.
A experiência das rádios comunitárias, a ideia de ação coletiva com a Teia de Comunicação Popular do Brasil, proposta pelo NPC, seriam caminhos para municiarmos os Sindicatos e entidades de trabalhadores organizados.
O evento encerrou com um chamado à classe trabalhadora, um chamado à saída coletiva de nossos impasses atuais. Não há saídas individuais, com os trabalhadores organizados, com políticas de base, com a autocrítica das centrais e com a formação política dos trabalhadores poderemos encaminhar uma resistência à altura das demandas. Não devemos esperar que governos e patrões ajam em favor das demandas dos trabalhadores. Somos nós os protagonistas de nossas lutas e de nossas conquistas.
Confira, na íntegra, a edição digital de março/2024 - edição extra do JB
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