DESTAQUE / ENCONTRO ESTADUAL

Bancários discutem conjuntura no Encontro Estadual

Tecnologia deve ser usada em favor dos bancários, que defendem a greve como meio para conquistas.

24/06/2024 às 06:00
Ascom/SEEB-MA

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Os bancários maranhenses discutiram a conjuntura política e econômica durante o II Encontro Estadual 2024, realizado no sábado (22/06), na Sede Administrativa do SEEB-MA, em São Luís. Os dados apresentados pelos palestrantes foram de grande importância para definir as estratégias de luta e de negociação na Campanha Salarial deste ano.

Para o sociólogo Marcos Silva, o mundo vive um período de crise ambiental, guerras e avanço da extrema direita, que só visa ao lucro em detrimento dos recursos naturais e da vida das pessoas. No setor financeiro, apesar do avanço tecnológico que deveria trazer benefícios, em especial para os bancários, o que se observa é o uso da tecnologia para cortar postos de trabalho e fechar agências, apesar do lucro cada vez mais crescente dos bancos.

Nesse sentido, o palestrante Daniel Lage afirmou que o capital tem utilizado criações maravilhosas da humanidade, como a Inteligência Artificial (AI) e até as mídias sociais contra os próprios trabalhadores dentro das empresas.

“É o caso do WhatsApp, criado para conversarmos à distância, em vídeo, entre familiares, entre outras funções, mas hoje usado pelas empresas como um meio de falar do trabalho até fora da jornada. Na França, há lei contra isso. No caso da IA, ao invés de melhorar o serviço, está sendo usada para substituir o trabalho humano. Outro exemplo é o home office, que faz o trabalhador estar o tempo todo conectado para trabalhar, seja em casa ou no banco. É preciso lutar para que a tecnologia seja utilizada em nosso favor” – afirmou.

O pesquisador do Ilaese, Guilherme Fonseca, reforçou os posicionamentos anteriores ao afirmar que o desenvolvimento tecnológico aliado ao lucro dos bancos possibilita aos bancários nesta Campanha Salarial cobrar a redução da carga horária, a requalificação profissional, mais voltada para a área de TI, em troca de estabilidade, garantia no emprego, entre outras reivindicações.

Numa análise da conjuntura política nacional, Fonseca alertou sobre a dificuldade que será a negociação com o Governo (patrão dos bancos públicos), haja vista a proposta de reajuste de 0% oferecida inicialmente para os professores da universidades e institutos federais.

“Desse modo, foi importante derrotar Bolsonaro, mas não podemos dar cheque em branco para o atual governo, que também tem se mostrado aliado dos banqueiros. Contudo, o pior é a falta de representação da categoria nas mesas de negociação. A Contraf-CUT ousou pedir um reajuste equivalente à inflação mais 5%, uma proposta vergonhosa diante de um setor que lucrou mais de R$ 200 bilhões. Por isso, o caminho para a nossa categoria nesta Campanha Salarial é a greve” – afirmou o diretor do SEEB-RN, Marcos Tinoco.

Para isso, segundo o coordenador-geral do SEEB-MA, Rodolfo Cutrim, é necessário fortalecer a organização dos trabalhadores, mobilizar e conscientizar os bancários sobre a necessidade da luta e da mobilização por novas conquistas, unindo forças a outros trabalhadores, como os petroleiros, os professores e outras categorias que estão organizando greves contra os patrões e o governo.

“É preciso, nesta Campanha Salarial, reverter o uso da tecnologia nos bancos a nosso favor, para assegurar direitos, mas sobretudo não só lutar por índice de reajuste ou PLR, únicas pautas da Contraf-CUT e ainda por cima rebaixadas. Vamos à luta por saúde, por condições dignas de trabalho, por garantia no emprego, reivindicações de extrema relevância para a nossa categoria. Com união e solidariedade de classe, podemos obter novas conquistas nesta Campanha Salarial” – finalizou Rodolfo.